Nevernight: A sombra do corvo (Crônicas da Quasinoite #1), por Jay Kristoff

Pelos dentes da Fauce, que livro é esse???

Fig. 1 Nevernight - Jay Kristoff. Lido de 10 a 30-03-2018.

Nevernight foi o livro de março da leitura conjunta do projeto @thebuddyreaders. Um ESTOURO de livro! Trago hoje pra vocês a resenha dele.

Primeiras impressões / sentimentos

Comecei o livro com uma super expectativa e empolgação! Estava muito animada com o estilo de leitura (fantasia) e com a sinopse que me pareceu desde o começo ser muito lacradora, me remetendo logo à personagem Arya Stark de Game of Thrones. Uma protagonista feminina super forte e determinada, guiada pela vingança, que corre atrás de se aperfeiçoar pra conquistar seus objetivos. O que poderia dar errado? Rs E o livro foi muito empolgante do começo ao fim! Foi um desses livros que eu lia um pouquinho e já saía correndo jogando aos quatro ventos a palavra do Jay Kristoff, que história incrível! Que desenvolvimento! Os únicos poréns que eu teria foram numas partes que inicialmente achei meio "close errado". Sim, sou sempre a fiscal do close errado. Temi pelo livro em alguns momentos, só pra depois ver o livro se superando e consertando tudo o que eu tinha achado de errado, aaaaaaaaa!

Nota: A título de curiosidade, os closes errados que achei tinham a ver com exaltação da beleza padrãozinho com um mecanismo que poda a diversidade. Achei que foi consertado depois com esse pensamento aqui:

"Não importa o que tirem de você, eles só podem tirar se você deixar. Essa é a verdadeira força."

O outro close errado foi em uma cena hot que eu achei muuuito irreal nível fantasia masculina. Consegui superar depois que vi outras cenas que trouxeram justiça à cena.

Sinopse

"Há histórias sobre Mia Corvere, nem todas verdadeiras. Alguns a chamam de Moça Branca. Ou a Faz-Rei. Ou o Corvo. A matadora de matadores. Mas, uma coisa é certa, você deveria temê-la.

Quando ela era criança, Darius Corvere – seu pai – foi acusado de insurreição contra a República de Itreya. Mia estava presente quando o carrasco puxou a alavanca, viu o rosto do pai se arroxeando e seus pés dançando à procura do chão, enquanto os cidadãos de Godsgrave gritavam “traidor, traidor, traidor”...

No mesmo dia, viu a mãe e o irmão caçula serem presos em nome de Aa, o Deus da Luz. E, embora os três sóis daquela terra não permitam que anoiteça por completo, uma escuridão digna de trevas tomou conta da menina. As sombras nunca mais a largaram.

Mia, agora com dezesseis anos, não se esqueceu daqueles que destruíram sua família. Deseja tirar a vida de todos eles. É por isso que ela quer se tornar uma serva da Igreja Vermelha – o mais mortal rebanho de assassinos de toda a República. O treinamento será árduo. Os professores não terão misericórdia. Não há espaço para amor ou amizade. Seus colegas e as provas poderão matá-la. Mas, se sobreviver até a iniciação, se for escolhida por Nossa Senhora do Bendito Assassinato… O maior massacre do qual se terá notícia poderá acontecer. Mia vai se vingar."

Sobre o livro / Opiniões

"A última coisa que você virá a ser neste mundo, garota, é heroína de alguém. Mas será uma garota que os heróis temem."

O livro faz parte de uma trilogia que conta a história da Mia Corvere. Seu pai morreu injustamente pelas mãos do governo, sua mãe e irmão mais novo foram presos, ela mesma seria morta também, mas conseguiu escapar e vive em função de conseguir a vingança pela sua família e pelo seu passado interrompido.

"Nunca trema. - Um sussurro frio no ouvido. - Nunca tema. E nunca, jamais, esqueça."

"Quando tudo é sangue, sangue é tudo."

A escrita do livro é bem interessante, repleta de comentários sarcásticos - característica que amo numa leitura - e cheio de notas do autor pelo livro todo, que complementam a história, trazem mais detalhes do universo do livro ou só alguns comentários engraçadinhos, rsr. Confesso que em alguns momentos era um pouco chato interromper a leitura central pra ler notas enormes, mas no geral acho que foi uma forma de enriquecer mais os detalhes da história. A escrita é cheia de mecânicas diferentes, uns paralelos aqui e ali, muitas metáforas, algumas desenvolvidas de forma bem genial, muitos flashbacks que conseguem prender a gente em dois momentos da história ao mesmo tempo, enquanto enriquecem o background da Mia.

O universo do livro é complexamente (ia dizer simplesmente, mas não cabe aqui rs) fantástico! Traz um mundo e mitologias próprias bem peculiares, muito bem construídos e interligados divididos em "dia" / "noite", luz / sombras, Deus Aa / Deusa Niah. Dia e noite estão entre aspas porque não é assim que a gente vê em Nevernight. No livro esses e outros conceitos são repensados e associados a um desentendimento dos Deuses. Aqui o mundo possui 3 sóis em órbitas diferentes que fazem com que só tenha escuridão total (veratreva) a cada 2 anos e meio. Tá aí um mundo em que eu não queria viver. Os "dias" (viragens) são contados de acordo com viradas no tempo, pois a partir de certo horário fica mais fresco e as pessoas dormem. Tudo é muito bem construído e existe todo um glossário próprio que a gente vai aprendendo aos poucos de acordo com a leitura. 

"A Luz é cheia de mentiras, acólita. Os Sóis servem apenas para nos cegar."

O livro também possui elementos mágicos sensacionais, como os sombrios, tocados pelas sombras (ou Niah / Fauce / a Deusa de vários nomes). Existe todo um mistério envolvendo quem são essas pessoas, o que as leva a ser sombrias, etc. que me deixou muito fascinada. 

"...quanto maior a luz, mais profundas as sombras..."

Com o mundo dividido entre os servos do Deus da Luz, Aa (classe dominante), e os servos da Igreja Vermelha, da Nossa Senhora do Bendito Assassinato, considerados como hereges e caçados pelos luminattii, a história mostra como a Igreja Vermelha consegue sobreviver e ainda continuar admitindo novos acólitos que passam por aulas em um estilo bem Hogwarts e uma seleção digna de um Jogos Vorazes para testar suas habilidades como assassinos e sua fidelidade para com a Igreja.

As aulas na Igreja Vermelha são ministradas pelos Shahiids (mestres) especializados em diferentes áreas (e que estão ilustradas na foto). Canções (arte com espadas), Verdades (arte de envenenamento), Bolsos (arte do furto) e Máscaras (arte da sedução). Em cada uma delas a gente vai aprendendo muito junto com Mia e os outros acólitos, com suas relações e todos os desafios que passa.

"Aço cantava no aço, a melodia ressoava no salão, pequenas faíscas voavam quando as lâminas se beijavam."

"Mas o veneno é uma espada sem cabo, crianças. Só tem lâmina. De dois gumes e sempre afiada. Deve ser manejada com o maior dos cuidados para que não faça você sangrar até a morte."

 "Às vezes a fraqueza é uma arma. Se você for inteligente o bastante para usá-la."

"Um caco de vidro pode cortar a garganta de um homem, perfurar seu coração sem problemas. Abrir seus pulsos até os ossos. Mas se você o apertar contra o lugar errado, o vidro se despedaça. O ferro não."

 "Não importa o que tirem de você, eles só podem tirar se você deixar. Essa é a verdadeira força."

Um outro elemento e personagem que gostei muito foi a biblioteca da Igreja Vermelha e o cronista Aelius. A Igreja conta com uma biblioteca bem peculiar, em que alguns livros aparecem por vontade própria ou porque deveriam estar lá. Ela é habitada por criaturas bem sinistras e é cuidada pelo cronista Aelius cuja personalidade é bem curiosa. Com certeza vai agradar a todos os amantes de livros! 

"Os livros que amamos nos amam de volta. E assim como nós marcamos a nossa posição nas páginas, as páginas deixam marcas em nós."

"Livros de mais. Séculos de menos."

O desenvolvimento de tudo é de tirar o fôlego. Quando você acha que já está tudo super agitado, mil reviravoltas acontecem, a história avança num ritmo frenético e consegue ficar mais empolgante ainda! Eu amei demais essa leitura e já preciso demais da continuação, socorro! Recomendo muitíssimo a leitura a todos acima de 18 anos, que gostam de fantasia e muito sangue.