Oi, gente! Tudo bom?
Faz tempo que não venho aqui comentar sobre os contos do Lovecraft que tenho lido, né? Hoje é sexta-feira 13 (e dia do rock, bb), ou seja, dia lindo e de muita sorte rsr, e isso me animou a trazer esse conteúdo que tava atrasado aqui.
Fig. 1 H. P. Lovecraft: medo clássico vol. I da @darksidebooks, edição Cosmic. |
Para quem tá chegando agora ou caso já tenham se esquecido, estou lendo um conto por mês (teoricamente, rs) da edição H. P. Lovecraft: medo clássico vol. I da @darksidebooks no projeto #300diasdeLovecraft organizado pela @juliannevituri.
As primeiras resenhas se encontram aqui:
Agora vamos às seguintes:
Fig. 2 H. P. Lovecraft: medo clássico vol. I da @darksidebooks. Conto Herbert West reanimator. Lido de 16 a 18-04-2018. |
"Memórias e possibilidades são ainda mais hediondas que realidades." p. 52
Esse conto tem uma vibe total Frankenstein, trazendo esse conceito de reanimação de corpos mortos, mas de forma mais grotesca e visceral do que o que a obra anterior da Mary Shelley se propõe. O que não é algo que o torna melhor, nem pior, apenas (diferente) traz uma outra visão do que poderia acontecer caso surgisse alguém disposto a fazer experimentos nessa área. Mas também mostra como que a mente humana contendo pensamentos de interesse científico lida com esses experimentos e como se dá o seu desenvolvimento que, mais uma vez, culmina em loucura.
Foi o primeiro conto maiorzinho dessa coletânea, com 37 páginas, o que inicialmente me trouxe esperanças de uma história mais profunda, mas não foi exatamente isso que aconteceu. O conto tem a história dividida em seis partes que foram publicadas espaçadamente a partir de 1922. E talvez esse seja o maior "problema" de se ler ele inteiro hoje em dia, pois acaba se tornando muito repetitivo e, consequentemente, cansativo de ler.
Fig. 3 H. P. Lovecraft: medo clássico vol. I da @darksidebooks. Ilustração Herbert West reanimator. |
Um ponto que achei interessante de observar é que Frankenstein foi publicado antes desse conto (1818), então finalmente vemos algo mais popular para a gente que pode ter influenciado a obra de Lovecraft, e não o contrário, rs.
Mas isso também me fez refletir sobre outras questões. "Herbert West reanimator" traz umas passagens extremamente racistas e que me incomodaram muito durante a leitura. Quando isso acontece a gente logo tenta contextualizar com a época em que o autor viveu/escreveu a obra, né? Mas apesar de o conto ter sido escrito numa época que trazia uma visão bem diferente do que vemos hoje em dia (em que ainda vemos muito racismo, mas um racismo mais velado), a obra da Mary Shelley, Frankenstein, é ainda mais antiga e não traz nenhum teor racista ou discriminante na sua escrita (pelo que me recordo). São, inclusive, discutidos pontos em que a obra é elogiada, como muito bem apontado pelo livro "A política sexual da carne: A relação entre o carnivorismo e a dominância masculina", da Carol J. Adams (minha primeira resenha do blog). O monstro de Frankenstein é vegetariano e tem um convívio harmônico com a natureza e de muito respeito com outros seres, em geral. Enquanto Lovecraft compara negros a monstros ou vice versa. Então fico pensando se a diferença entre as obras não pode ter sido justamente a diferença de sensibilidade na escrita ou até mesmo de percepção da vida de um autor masculino em contraste com uma autora feminina. Fica aí um ponto para refletir e tentar analisar.
Mas, apesar disso, eu gostei do enredo do conto que traz uma pegada mais de ficção científica, que eu adoro. E também gostei de ver o desenvolvimento do doutor protagonista, a forma como ele iniciou seu projeto com uma intenção e acabou tendo o comportamento bem desvirtuado, em nome de uma ciência egoísta.
Após a leitura desse conto, o meu menos favorito continuou sendo Dagon, rs mas isso pode ser explicado por ter sido o meu primeiro contato com o autor e por ter sido o primeiro conto escrito por Lovecraft. E o meu favorito ainda era A cidade sem nome.
Conto 4 - O depoimento de Randolph Carter
Fig. 4 H. P. Lovecraft: medo clássico vol. I da @darksidebooks. Conto O depoimento de Randolph Carter. Lido em 06-05-2018. |
Esse conto foi inspirado em um sonho do Lovecraft, o que por si só já torna a história interessante, né não? O conto traz o depoimento de (adivinha?) Randolph Carter sobre o desaparecimento de seu companheiro, que foi junto dele explorar uma catacumba. Enquanto um desce o outro fica de guarda e eles se comunicam através de um telefone portátil. O que tinha lá embaixo? O que aconteceu? Será verdade? Será loucura?
Essa é a dinâmica que o conto traz, mais uma vez o Lovecraft brincando com a loucura em suas histórias, e levando a gente à loucura junto, rsr.
Gostei bastante do conto e acho que o uso do telefone portátil deu um charme a mais ao desconhecido. Dessa vez eu não fiquei incomodada pela falta de descrição do objeto do medo (digamos assim), porque todo o diálogo conseguiu ser apavorante o suficiente! E levantou discussões bem interessantes sobre: e se fosse eu?
Fig. 5 H. P. Lovecraft: medo clássico vol. I da @darksidebooks. Ilustração O depoimento de Randolph Carter. |
Outro ponto interessante que notei sobre a minha leitura foi que o fato de saber que a história foi baseada em um sonho me fez não ficar procurando lógica a todo momento, rs. Isso é algo que costuma me prender e me incomodar em muitos momentos, mas aqui foi diferente. Acho que é um conto que ajuda a entender a mente do Lovecraft (que deve ter sido bem perturbada, diga-se de passagem) e acredito que vai ajudar muito nas próximas leituras, pois mesmo sendo baseado num sonho, ele traz uma dinâmica bem parecida dos outros contos. Algo que foi muito bem pontuado durante a discussão pela @umafarofeiracult. E a ideia de que o Lovecraft enfatiza sempre que nós, humanos, somos limitados demais para lidar com coisas maiores. E, assim, ele explora muito da sensibilidade da mente humana, trazendo sempre a questão da loucura.
Leituras recomendadíssimas a quem gosta de se aventurar pelo terror psicológico.
Sugestão de trilha sonora
Aproveitando o dia do rock, vim aqui sugerir uma música do Metallica que vocês podem ouvir enquanto leem contos do Lovecraft. The Call of Ktulu, do álbum Ride the Lightning (spotify), inspirada no conto mais famoso do Lovecraft, O chamado do Cthulhu.
Por enquanto, é isso. Espero voltar em breve para comentar os últimos contos lidos, mas já deixo aí a dica de leitura mais sombria e uma boa música para aproveitar o dia com muito estilo! Rsr ;)
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