sexta-feira, 27 de abril de 2018

A princesa salva a si mesma neste post, digo, livro. Resenha, poesia e feminismo

Oi, gente! Tudo bem com vocês?

Hoje eu vim falar um pouquinho desse livro que terminei no comecinho de abril, na minha curta participação na maratona literária #PixeltonadePascoa. Tinha escolhido vários livrinhos pra ler nessa maratona, mas acabei lendo só esse. Vamos a ele.

Fig. 1 A princesa salva a si mesma neste livro - Amanda Lovelace. Lido de 31/03 a 01/04/2018.
Sim, a foto está recheada de elementos que podem ser considerados estranhos. Continuem a ler que  já, já vocês vão entender o motivo. =)

Sinopse

"Amor e empoderamento em versos que levam os contos de fada à realidade feminina do século XXI A princesa salva a si mesma neste livro, de Amanda Lovelace, é comparado ao fenômeno editorial Outros jeitos de usar a boca, de Rupi Kaur, com o qual compartilha a linguagem direta, em forma de poesia, e a temática contemporânea. É um livro sobre resiliência e, sobretudo, sobre a possibilidade de escrevermos nossos próprios finais felizes. Esta é uma obra sobre amor, perda, sofrimento, redenção, empoderamento e inspiração. Dividido em quatro partes ("A princesa", "A donzela", "A rainha" e "Você"), o livro combina o imaginário dos contos de fada à realidade feminina do século XXI com delicadeza, emoção e contundência. Amanda, aclamada como uma das principais vozes de sua geração, constrói uma narrativa poética de tons íntimos e cotidianos que acolhe o leitor a cada verso, tornando-o cúmplice e participante do que está sendo dito."

Sobre a autora

Amanda Lovelace é poeta e contadora de histórias, compartilha suas histórias no café do seu bairro e no tumblr. Vive em Nova Jersey, se formou em literatura de língua inglesa e está fazendo pós em literatura de língua inglesa e sociologia. Ama qualquer coisa relacionada a gatos e também é entusiasta de sereias (e eu amei isso sobre ela rs). Se considera feminista e defensora da justiça social (eu também amei isso, obviamente) e pode ser encontrada pela internet como ladybookmad (twitter, instagram e tumblr).

Opiniões

Comecei a ler o livro com o hype nas alturas, depois de ver tantas publicações de todo mundo super elogiando o livro, comparando o tempo todo com o Outros jeitos e eu só pensando: PRECISO! Comecei a ler e demorei um pouco a me sentir conectada com o livro. Ele começa bem cru, meio duro e com assuntos bem pesados, como problemas familiares e perda. Mas perda de uma forma um pouco estranha para mim, não consegui exatamente me identificar, e olha que eu sou a rainha da problemática de perda. Já estava quase começando a problematizar o livro, quando ele de repente mudou da água pro vinho e me fez amar de uma forma...! Do meio pro fim o livro toma uma outra pegada e vai fundo no feminismo, no empoderamento etc. E eu acabei o livro encantada, sim, e já querendo o próximo! A bruxa não vai para a fogueira neste livro é o mais novo lançamento da autora e eu já quero muito!

Abaixo separei alguns poemas de cada seção deste primeiro livro da Amanda e fiz alguns comentários pessoais, às vezes interpretativos, para cada um deles. Ao final do post tem a minha opinião geral.

I. a princesa

Fig. 2 Poesia / frase da seção "I. a princesa".

"— o silêncio sempre foi meu grito mais alto." p. 40

Me identifiquei uns 200%, apenas. Nunca fui de falar. Na verdade, já tive sérios problemas com isso. Hoje falo uns pingados, às vezes até grito, mas o silêncio sempre fala mais alto. Sempre.

Fig. 3 Poesia da seção "I. a princesa".


"como
eu não tinha
mais
minhas asas
usava
umas
falsas
cobertas
de glitter
dourado.

— uma aspirante a fada ao contrário." p. 43 

Esse é o meu poema! A Amanda escreveu pra mim, sim! Quem me conhece sabe que sou uma fada talvez desde os primórdios de 2004, pelo menos? (Orkut, oi? rs). Achei esse poema uma ótima explicação pra quem nunca me entendeu. A gente busca nossas asas onde dá, não é mesmo? O importante é voar.

II. a donzela

Fig. 4 Poesia da seção "II. a donzela".

"a princesa
pulou da
torre
& ela
aprendeu
que podia
voar
desde o começo.

— ela nunca precisou daquelas asas." p. 111

As divisões do livro, como a gente pode ver, vão mostrando a evolução da princesa, e aqui já estamos na fase donzela e eu achei esse poema um ótimo retrato para o início de um amadurecimento. Talvez não precisemos de asas falsas, afinal.

III. a rainha

Fig. 5 Poesia da seção "III. a rainha".

"eu sou
uma tigresa
que ganhou
listras
mais macias do que veludo.

— uma ode às minhas estrias." p. 160

Somos todas rainhas! Cada uma a sua maneira, somos diversas, temos nossas marquinhas e somos lindas e poderosas sim! Aqui o livro começa a ficar super empoderador e eu comecei a vibrar com esse novo tom.

IV. você

Essa foi a minha seção favorita, sabe quando você pega um conceito trabalha ele em cima de você? A autora fez isso aqui, lindamente. Peço perdão por não ter conseguido selecionar menos poemas, mas era impossível. EU AMEI MUITO!

Fig. 6 Poesia da seção "IV. você".


"escreva a história.

enfie
suas mãos
nas partes mais
sujas de si mesma.

pegue a
podridão & a deterioração
& transforme-as em
alimento & vida.

regue a planta
& cante para ela
& a coloque na
luz do sol.

cultive um belo jardim
das suas dores
& ensine a si mesma
como crescer a partir disso.


escreva sua história.
— o sinal que você estava esperando." p. 170

Crescer a partir das suas próprias dores. É possível! Um poema que ao mesmo tempo é um chamado para fazer. Para levantar e seguir. Continuar. Escrever a nossa própria história.

Fig. 7 Poesia da seção "IV. você".

"mas suas derrotas
são apenas o que aconteceu...
elas não têm que ser
quem você é.

tudo o que você pode fazer
é pegar aqueles erros
& usá-los como fertilizantes
que ajudem você a crescer." p. 185

Fiz uma seleção aqui desse poema, só pra reforçar o recado anterior. Eu amei esse lembrete de que nós não somos as nossas derrotas. Elas são só coisas que aconteceram... Preciso imprimir esses versos e colar na parede do lado da minha cama pra ler sempre que acordar e nunca mais esquecer.

Fig. 8 Poesia da seção "IV. você".

"seja uma
sereia.

seja uma sereia
que não sossega
quando agita
a água bem devagar.
seja uma
sereia
que não
para até fazer
ondas no mar.
seja uma
sereia
que sabe
parar antes
que devaste
o mundo com
tsunamis.

— não deixe que o mundo leve sua bondade." p. 188


O fundo do mar é o meu lugar! Como uma boa pisciana não preciso dizer que AMEI DEMAIS esse poema, né? Sempre tive uma ligação muito grande com o mar e me identifiquei demais com a analogia, mas também com a mensagem. Não vamos sossegar, não senhor! Mas também não vamos perder a nossa bondade. Já dizia Che Guevara: "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás!"


Conclusão


Enfim, acho que deu para notar que eu gostei especialmente das seções "A rainha" e "Você". Enquanto "A princesa" e "A donzela" talvez reflitam passagens autobiográficas com fases ainda um pouco imaturas, mas também de aprendizado (o que também acho importante, porque faz parte da construção de um caráter e personalidade fortíssimos — apesar de não ser sempre identificável para o leitor), "A rainha" mostra uma volta por cima, uma força enorme, e "Você" vem como um guia que nos leva junto nessa jornada. É como se a autora pegasse na nossa mão e falasse: VEM! Assim, Amanda Lovelace consegue nos passar um pouquinho dessa força para que todas nós, princesas, possamos nos salvar e fazermos os nossos próprios finais felizes.

"quando
alguém
se oferece para
salvar você
faça disso
a missão
para
                      salvar a si mesma. 
— acredito em você." p. 199

Livro super recomendado! E você, costuma ler poesias? Caso não, já pensou em dar uma chance a essas poetisas contemporâneas que trazem poesias em formatos não convencionais? Comente aqui o que achou e/ou pensa sobre isso tudo.

2 comentários:

  1. Esse tá na minha lista de desejos só esperando as $$$ #queromuito Não sabia que era estruturado assim, agora quero ainda mais!
    Eu sempre amei ler poesias, me sinto abrindo rachaduras na rigidez do mundo (e minha própria rigidez).

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    1. Você vai amar! Eu to querendo muito o segundo livro dela agora. Poesias são bem assim mesmo, né? Ajudam a trabalhar o nosso emocional, eu acho. Só não costumava ler tanto porque, sei lá, parar pra pegar um livro de poesias tradicionais é um pouco mais difícil pra mim. Mas essas contemporâneas tão sendo só amor. <3

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