segunda-feira, 18 de maio de 2020

Resenha "O que o sol faz com as flores" da Rupi Kaur

Olha eu aqui de novo lendo Rupi Kaur!

Olá, olá! Tudo bem com vocês? Em tempos conturbados como esses pensei que seria interessante "arrumar" os sentimentos com um pouco de poesia e resolvi ler "O que o sol faz com as flores". Acabou que o livro teve um viés diferente das minhas expectativas, mas foi bom à sua maneira. Vamos de resenha?

Fig. 1 "O que o sol faz com as flores" - Rupi Kaur

Já faz quase 3 anos que li o primeiro livro da autora (juro que não parece tanto tempo!), "Outros jeitos de usar a boca" - resenha aqui -, que foi um livro que mexeu comigo profundamente na época, e eu fiquei enrolando horrores para ler sua outra publicação, "O que o sol faz com as flores", com medo de que não fosse o momento ideal, de que eu talvez não absorvesse tão bem quanto o livro anterior e me decepcionasse de alguma forma. Inseguranças da vida... Precisou vir uma pandemia para que eu olhasse mais uma vez para esse livro com esperanças.

SOBRE O LIVRO

Fig. 2 Poesia da própria autora definindo o livro (descrito no
decorrer do texto desta publicação)
Para quem não conhece o formato do livro ou a escrita da Rupi Kaur, esse é um livro de poesias contemporâneas escritas de forma simples e pontual, mas carregada de muitos sentimentos. A  autora não se prende a uma estrutura formal, sua poesia tem um quê de algo mais fluido e natural, de fácil assimilação e compreensão. Nesse livro ela aborda temas um pouco mais leves que em sua primeira publicação, mas continua sendo carregado de sentimentos únicos. 

A própria autora descreve o livro muito bem em uma poesia (vide Fig. 2), segue a transcrição:

"o que o sol faz com as flores é uma
coletânea de poesia sobre
a dor
o abandono
o respeito às raízes
o amor
e o empoderamento
é dividido em cinco partes
murchar. cair. enraizar. crescer. e florescer.

- sobre o livro"

OPINIÕES

Fig. 3 "O que o sol faz com as flores" - Rupi Kaur,
interior do livro.
Esperava um pouco mais de reflexões sobre a vida de modo mais geral e acabei encontrando muito mais sobre relacionamentos. Dessa vez não me identifiquei tanto com a forma com que a autora expôs os sentimentos, mas a leitura foi interessante para mim pelo teor autobiográfico que fiquei imaginando que estaria por trás de tudo. Principalmente pelas questões de migração.

Depois de ler "O xará" da Jhumpa Lahiri (escritora maravilhosa - inglesa filha de indianos - que descobri graças à @taglivros e que fiz resenha aqui) passei a me atentar a essas questões, as quais eu era completamente alheia. A Rupi Kaur, que nasceu na Índia mas se mudou para o Canadá aos 4 anos, também carrega um pouco dessa história de migração através de sua família. Por conta disso ela conseguiu passar de forma muito bonita seus sentimentos sobre essa situação, valorizando a cultura indiana e enaltecendo sua ancestralidade. Ela valoriza aquele pedacinho seu que "ficou pra trás", mas não deve ser esquecido porque faz parte da história e de quem você é. Também transpassa a dificuldade em encontrar um pertencimento, que foi algo que também vi muito claro em "O xará" com a Jhumpa. Às vezes a gente se sente meio perdido na vida ou deslocado, mesmo sem nunca ter saído do próprio país, imagina numa situação dessas?

Fig. 4 "O que o sol faz com as flores" - Rupi Kaur, poesia em destaque: "olha o que fizeram / a terra gritou para a lua / me transformaram numa ferida - verde e azul"

Apesar da falta de uma identificação maior, o livro também tem partes boas e teve a sua beleza. Só calhou de não estar numa proporção boa pra mim, mas isso é algo tão pessoal... Talvez eu só não estivesse num momento propício a estar muito positiva, com tantos problemas ao redor, mas com certeza é uma leitura super válida. Recomendo a todos que estejam precisando de algo mais leve para aliviar as dores da vida. Quem sabe não ajuda?

Coincidência ou não, o tema do desafio da @clayci #LiteraturaCriativa da semana é justamente para compartilhar sobre um livro que "todo mundo" gostou, menos eu. Então aí está! Não é que eu não tenha gostado, só acabei não me identificando tanto. Saber identificar quais foram os pontos de desagrado ajuda justamente a gente a não julgar um livro levianamente. Não é porque eu não gostei tanto assim, que outras pessoas não podem gostar também.

Que livro pra vocês se encaixa nessa definição? E, vou insistir nessa por um tempinho, que livros recomendam para enfrentar melhor o momento em que estamos vivendo?

Abraços e até a próxima!

2 comentários:

  1. Massa, esse eu não li ainda. Para enfrentar o momento, eu indico O Diário de Anne Frank, um clássico nessas questões de ficar trancafiado em casa com medo do mundo lá fora, e Anne escreve de maneira a deixar sua própria angústia mais leve, é muito legal.

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    1. Ah, se deixa a angústia mais leve então é interessante mesmo! Na minha cabeça poderia não ser legal pro momento justamente por aumentar a angústia pela situação rsr Vou reconsiderar então, obrigada pela dica. ^^

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