segunda-feira, 13 de julho de 2020

Resenha "Rita Lee: uma autobiografia" e Dia do Rock

Oi, gente! Tudo bem?

Fig. 1 E-book "Rita Lee: uma autobiografia"
no Kindle, um fone e um doguinho.
Hoje é Dia do Rock e resolvi trazer pra vocês uma resenha à altura. Vim comentar sobre a autobiografia da Rita Lee, grande nome feminino do nosso rock nacional.

Essa foi a leitura do mês de junho do Clube do Livro Entrelinhas (comentei sobre minhas experiências no clube aqui, dá uma passada lá!).

SOBRE O LIVRO

O livro traz várias pequenas histórias contadas pela Rita Lee passando por diferentes fases da sua vida e carreira musical. É narrado pela própria e complementado por um fantasminha  (jornalista Guilherme Samora) que não deixa nenhum detalhe técnico escapar da memória da cantora. Nos seus relatos Rita perpassa por algumas temáticas sensíveis e /ou sociais como o abuso que sofreu na infância, sua opinião sobre aborto, experiência como artista na época da ditadura, prisão e perseguição policial, percalços por ser mulher no rock (tem que ter culhão?) e por aí vai.

OPINIÃO

Não me recordo de já ter lido alguma outra autobiografia assim, nua e crua, então a leitura para mim começou um pouco lenta e até levemente desinteressante. Não conseguia sentir tanta emoção na forma com que a narrativa se desenrolava, mas fui pegando gosto aos poucos. Para uma pessoa que lê muito mais ficção, pode ser estranho se adentrar na vida de outra pessoa assim.

Fig. 2 E-book "Rita Lee: uma autobiografia"
no Kindle e a reunião online do Clube do
Livro Entrelinhas ao fundo.
Uma ou outra história me divertia (algumas são bem engraçadas), mas não chegava a ser de fato interessante ou intrigante, até que começaram as referências a sua carreira e seus conflitos sociais. Fui sendo cativada, principalmente por sua honestidade e ousadia. Rita não nos privou de seus podres, nem de suas militâncias e deu lições de emancipação feminina e liberação sexual na sua trajetória e em suas músicas.

Vegetariana e militante pela defesa dos animais, Rita Lee adotou as cobras que Alice Cooper maltratava em palco, por exemplo. Também compartilhamos um trauma de infância: seu pai matou uma pata que criavam em casa para comer (no meu caso foi uma galinha que tinha até nome).

Me surpreendeu descobrir que a Rita Lee foi expulsa d'Os Mutantes por "não ter culhões" para seguir na banda do jeito que os caras queriam, mas ela deu a volta por cima e mostrou que podia muito mais, se tornando uma artista e tanto! Começou como roqueirinha-revoltada-ovelha-negra e acabou sendo abraçada pela Bossa Nova e MPB, com um repertório super versátil, mesmo com todo seu deboche na música "Arrombou a festa". Fofa.

Foi especial ver o lado humano da artista. Suas amizades com outros artistas, assim como seus momentos de tietagem e fã. Rita inventou o selinho da Hebe (que no caso dela foi mais do que um selinho) e foi amiga próxima tanto da Hebe como da Elis Regina. Tudo pra mim! Gilberto Gil é padrinho do seu primeiro filho, Ney Matogrosso foi cupido do seu relacionamento atual e também vimos Rita fã babona do David Bowie pagando mico nos bastidores. Impagável!

Seu relacionamento forte e duradouro inspirou seus maiores sucessos (e também minhas músicas favoritas dela, rsr) - Doce Vampiro, Mania de Você e todas essas mais românticas/calientes. Eu que não sou muito ligada em romances, gostei de acompanhar a novelinha dos dois que, apesar da intensidade, passou por maus bocados por conta do alcoolismo da Rita. Inclusive a forma com que ela retratou seu alcoolismo - muitas vezes acentuado por perdas pessoais - foi tão forte e verdadeira que me levou a muitas reflexões.

Apesar de não se identificar como feminista em nenhum momento, vemos na sua vivência e atitudes um reflexo desse movimento. Mesmo sem rótulo, ela demonstrou entender a importância da sororidade, o apoio feminino fez parte da sua trajetória. Ela também contribuiu com seus discursos libertários na questão do aborto e nas suas produções sempre tão emancipatórias. Fiquei aflita com sua prisão grávida e por ver como a repressão na ditadura era ferrenha mesmo que não houvesse um enfrentamento direto.

No fim das contas, a leitura que começou morna acabou extremamente empolgante, emocionante e ainda rendeu várias lições de vida. Rita Lee é, com certeza, uma figura pública importante e que marcou gerações. Esse é um livro que indico não apenas para fãs, mas a todos que possam vir a se interessar pelo contexto sócio-político-cultural dos anos 60 até a atualidade.

Pra finalizar, deixo aqui o link da playlist criada pela @mari.colen, que indicou essa leitura no Clube do Livro Entrelinhas, e uma música com performance majestosa para homenagear o dia:


E aí, vocês também curtem um rock'n'roll? Como aproveitaram o dia? Ficaram curiosos com a leitura?

2 comentários:

  1. Eu sempre gostei muito da Rita, mas depois da leitura virei fã.

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    1. Ai, siiim! Foi tipo isso comigo também, passei a admirar muito mais 😍😍

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