segunda-feira, 27 de julho de 2020

Resenha "Dumplin'" de Julie Murphy e a gordofobia na adolescência

Olá! Tudo bem com vocês?

Nesse fim de semana terminei a minha primeira leitura do Kindle Unlimited (comentei sobre a assinatura no post anterior): Dumplin' - Julie Murphy. Essa foi a leitura de julho do Clube do Livro Entrelinhas e, em tempo record, trago aqui a resenha!

Fig. 1 Dumplin' - Julie Murphy no Kindle sobre minhas pernas com celulites.

EM POUCAS PALAVRAS 

Um livro leve voltado ao público jovem sobre gordofobia, luto, amizade, romances, bullying, representatividade e sororidade em uma narrativa muito empoderamento feminino. 

SOBRE O LIVRO 

❝Às vezes, descobrir quem você é implica entender que o ser humano é um mosaico de experiências.❞

Nessa história acompanhamos a vivência da Willowdean — apelidada de Dumplin' pela mãe —, uma personagem com múltiplas camadas. Ela é uma adolescente gorda que precisa lidar com muitas questões comumente difíceis nessa idade, mas mais difíceis ainda quando se é uma garota fora do padrão. A relação mãe-filha é complicada, uma vez que sua mãe é ex-miss e diretora do evento mais importante da cidade, o Concurso Miss Jovem Flor do Texas. Will recém perdeu a tia; de quem era muito próxima, que também era gorda e a compreendia muito bem; e no meio do turbilhão da adolescência, ela também precisa lidar com esse luto. Da sua tia herdou a idolatria pela Dolly Parton, que é algo que compartilha com sua melhor amiga, Ellen. El é uma menina padrão que nem sempre entende tudo o que a Will passa, apesar de ter boas intenções, e isso acaba gerando novos conflitos.

Willowdean era uma garota confiante, até que se aproximou de Bo Larson, colega de trabalho que desperta interesse romântico nela e que, para sua surpresa, é recíproco. Com isso, Will começa a se sentir insegura com seu corpo — pensando nos julgamentos, comparações pelo Bo ser um garoto padrão e no bullying que sofrerá na escola — e passa a encarar a vida de outra forma. É aí que começa sua jornada por autoconhecimento, autoaceitação e sua luta para ocupar um lugar justo na sociedade, sendo quem ela é. A melhor forma que encontrou de fazer isso foi se inscrever no concurso de miss, e acabou influenciando mais meninas fora do padrão a fazer o mesmo. Qual será o resultado disso tudo? 

❝Talvez as gordas, as mancas ou as gengivudas e dentuças não costumem vencer concursos de beleza. Talvez não seja a norma. Mas o único jeito de mudar isso é marcando presença.❞

OPINIÃO 

Para mim, esse foi mais um livro leve com um “quê a mais”. Por ter sido mais uma leitura fora da minha zona de conforto, levei um tempo para me acostumar e entrar no ritmo do livro, do qual não sou o público alvo. O que inicialmente parecia uma leitura bobinha sobre adolescentes se descobrindo no mundo, acabou me levando a reflexões importantes sobre gordofobia, feminismo, luto, respeito. Foi um resgate de memórias de um passado cheio de percalços, quase como uma sessão de terapia, rsr. 

Amei o desenvolvimento da protagonista, tão verdadeiro. Suas decisões, escolhas, dificuldades e modo de ser transpareceram muita sinceridade. Apesar de todas as dificuldades, a Dumplin’ é uma personagem tão completa que passa segurança pro leitor e esbanja motivação. 

É um livro que tem de tudo. Nuances com representatividade LGBTQIAP+ e a forma com que as diferenças são encaradas nesse período da adolescência, quando tudo é novo. Também traz o retrato de uma cidade provinciana e conservadora, que é o Texas. O livro acabou transformando temas pesados numa experiência agradável, com escrita simples. 

Recomendo a leitura a todos, adultos que queiram relaxar um pouco e reviver o passado ou adolescentes que desejem absorver melhor esses temas e, quem sabe, ajudar a se descobrir um pouco mais. Foi uma ótima experiência. 

LIVRO X FILME 

O livro Dumplin’ foi adaptado e o filme estreou no Brasil em fevereiro de 2019 na Netflix. Assisti assim que foi lançado e adorei, mas na época não pretendia ler o livro porque não é um gênero que costuma me chamar atenção o suficiente. Quase um ano e meio depois o livro foi selecionado para leitura no Clube do Livro Entrelinhas e resolvi dar a chance. Mais uma vez o clube me fazendo sair da zona de conforto. 

O que posso dizer, agora que consumi as duas mídias, é que ambas valem bastante a pena. Até onde me lembro, parece ter sido uma adaptação bem fiel (não cheguei a rever depois de ler, mas acredito que lembre o suficiente). Cada versão explorou detalhes importantes, principalmente no que diz respeito a comunidade LGBTQIAP+, de maneiras diferentes e dá para encontrar coisas boas e novas em ambas. Vale a pena conferir os dois formatos! 

Curiosidade: a autora do livro faz uma aparição rápida no filme. Que tal tentar encontrar ela por lá? 

Veja abaixo o trailer do filme: 


Agora seguirei esperando que a sequência Puddin’ seja publicada no Brasil. O livro foi lançado lá fora em 2018 e traz a Millie (uma das amigas que participa do concurso com a Dumplin') como protagonista. Estou bastante curiosa para saber como mais essa narrativa foi executada! 

E aí, já conheciam essa história? Para qual formato dará a chance primeiro?

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