terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire e um feliz ano novo!

Ano novo, vida nova, livros novos! Ou velhos livros, mas nunca lidos (essa é uma das minhas metas mais importantes pra esse ano). Mas antes de falar em metas, queria comentar o meu primeiro livro lido de 2018 e trazer a minha seleção de melhores poesias dele.

Fig. 1: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire. Lido em 02-01-2018.

Pó de lua nas noites em claro é o segundo livro de "poesias desenhadas" ou de "desenhos poéticos", como diz a própria autora, da Clarice Freire. O primeiro eu li ano retrasado no natal (e me apaixonei) e esse eu comprei ano passado, mas quis guardar pra ser o primeiro livro desse ano, pra ver se me inspirava um pouco.

Mais uma vez me vi envolvida em doces palavras, desenhos tão delicados e que dizem tanto. É como aquele ditado: uma imagem vale mais que mil palavras. É um ótimo livro pra descansar a mente e refletir sobre a vida. E quer momento melhor que esse pra isso? Aproveitando o clima geral de renovação, me permiti esse carinho.

Esse livro é dividido em horas da madrugada, um livro de poesias insones (diferente do primeiro, que foi dividido em fases da lua - e que eu amei demais da conta). Outro ponto interessante desse livro, em comparação ao outro, é que achei esse mais contínuo. As poesias vão se ligando umas às outras, se encadeando e contando uma história (mas também funcionam bem isoladas). 

00:00 as ruas se calam, retrata um estar perdido (Fig. 2) mas em um momento de transição. A recepção da noite, da madrugada, um silêncio e calmaria que são muito bem vindos. Mas que também tem suas luzes próprias (Fig. 3). Me identifiquei muito com esse início.

Fig. 2: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "Corri como quem ama. Se ao menos soubesse para onde ia. Quem dera." p. 14 e 15.

Fig. 3: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "Percebi aos poucos / que a viela era tomada / por vaga-lumes. / Dezenas, centenas deles. / Não eram capazes de / alumiar a noite em dia / com seu brilho raro. / Mas me fizeram lembrar / como era o claro." p. 22 e 23.

01:00  a boca se cala, mas o silêncio fala muito. Aqui falou-se do medo, mas também do acolhimento (Fig. 4) e outras coisas por vezes estranhas.

Fig. 4: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "Alguns olhares são sofá de casa. Já têm ali o meu lugar aninhado. Aliviam por estar em silêncio compreendendo calados. Os olhares de sofá são macios, descansos, mansos, afastam vazios. Acolhem só por estar ao redor. E quanto mais antigos forem, melhor." p. 72 e 73.

02:00 o pensamento fala, um horário propício pro despertar da mente? Muitas reflexões lindas, fala sobre amor, saudade azul, vermelho da dor na alma, amarelo do amanhecer (Fig. 5) (quer me conquistar, fale de cores <3). Sonhos, passado, presente e futuro, e montanhas tão bem resolvidas (Fig. 6) (meu favorito do livro). Me identifiquei demais com essa parte também, sou dessas que pensa mais que dorme.

Fig. 5: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "A saudade é azul, quando bate em onda calma. Sangra vermelho escarlate, quando dói dentro da alma e amanhece amarelada. Quando vê a volta rara." p. 96 e 97

Fig. 6: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "- Olhe pra mim. Tão perdido na vida. Nunca me encaixo. - Por que não olha as montanhas? Tão bem resolvidas com seus altos e baixos." p. 114 e 115.

03:00 os moradores da noite e um menino que ouvia passos no telhado (Fig. 7), pensamentos ou sonhos?

Fig. 7: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "Sonhos, pensamentos, sonhos, pensamentos, sonhos pensamentos..." p. 124.

04:00 os primeiros raios do sol traz de novo o contraste entre o dia e a noite, mais uma transição.

05:00 sentimentos dourados e os conflitos de mais uma mudança, mas acima de tudo, reconhecimento de que o dia é tão importante quanto a noite (Fig. 8). Um recomeço (Fig. 9). Sempre amanheço (Fig. 10).
"E já não sei mais se um dia fui noite
ou se foi o Sol que veio primeiro." p. 173

Fig. 8: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "Sempre fui uma pessoa um tanto fugiDIA. EscorregaDIA. Por isso sempre me encontrava melhor na noite." p. 174 e 175.

Fig. 9: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "Eu começo dias novos porque me recomeço buscando o brilho dos fogos." p. 184 e 185.

Fig. 10: Pó de lua nas noites em claro, Clarice Freire, por dentro. "Sempre amanheço." p. 200 e 201.

Que livro lindo! Recomendo a todos que estiverem precisando dar uma paradinha pra respirar e pensar na vida (independente da data). No mais, que 2018 seja leve! Que as mudanças, se tiverem de vir, venham com as transições mais confortáveis possíveis. Que permitamos a renovação dos nossos ciclos para evoluir, mas que sejamos delicados com nós mesmos na hora de "aceitar as coisas que não podemos modificar". E o mais importante: que aprendamos a lidar com nossos altos e baixos, assim como as montanhas tão bem resolvidas. FELIZ ANO NOVO!

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