Resenha: Delirium Tremens de Edgar Allan Poe, coletânea organizada por Raphael Fernandes, editora Draco

Olá! Hoje eu vim trazer a resenha dessa HQ incrível, que recebi em parceria com a editora Draco: Delirium Tremens de Edgar Allan Poe, vários autores, organizado por Raphael Fernandes. 

Fig. 1 Delirium Tremens de Edgar Allan Poe, vários autores, organizado por Raphael Fernandes. Lido em 01-10-2019.

EM POUCAS PALAVRAS 

Perturbador, instigante, criativo e genial! Um conjunto de histórias que faz jus ao legado de Edgar Allan Poe. 

SOBRE O LIVRO 

O livro traz uma coletânea de histórias em quadrinhos inéditas inspiradas na vida e obra do Edgar Allan Poe. Mas como assim? Indo além de uma simples adaptação, nessa obra mergulhamos em criações novas que trazem a essência do universo “poeano”. Esse autor tão conhecido por sua genialidade e pelo seu lado sombrio e desequilibrado.

A edição conta com oito histórias escritas por diferentes autores nacionais que exploram medos, interesses e anseios do Poe, trazendo também algumas referências a obras do mesmo, mas nenhuma adaptação direta. Há também uma breve introdução, que apresenta diversos aspectos relevantes da vida do autor homenageado e os relaciona à presente obra.⠀

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As temáticas giram, principalmente, em torno da morte, mas de maneiras diversas, criativas e bem macabras! Encontramos aqui monomania por dentes, corrupção política e humana, ficção científica, relacionamento abusivo, hipnose, investigação policial, conspiração, sororidade feminina, tafofobia (medo de ser enterrado vivo) e muito horror.⠀

Tendo sido lançada em 2018, a publicação celebra 210 anos do nascimento de Edgar Allan Poe numa edição belíssima em capa dura, com sobrecapa e páginas coloridas. 

OPINIÕES 

A obra é uma ótima pedida para os fãs do Poe, claro, mas para quem não conhece ou não é tão familiarizado assim com o autor, também é uma maneira muito interessante de adentrar nesse universo. Por não ser uma adaptação direta de nenhuma obra, ninguém precisa se preocupar em ler algo específico do autor previamente. A introdução dá uma boa base para entender as referências. É só ler e curtir!

Adorei as histórias! Elas são curtinhas, mas tão instigantes que ao fim de cada uma rola aquele sentimento de “OMG, QUÊ?”. São todas muito boas, com desenvolvimentos criativos e que brincam com nossos monstrinhos internos. Às vezes fazem a gente pensar se estamos torcendo pro “lado certo”, rsr.

Brincadeiras à parte, cada história mexeu comigo de forma peculiar e essa é uma das coisas que acho mais legais em coletâneas assim: ver como é possível explorar um tema de tantas formas diferentes. Os autores foram brilhantes em suas narrativas e as artes, tão vívidas, refletem muito bem tudo o que querem passar. Foi realmente perturbador, num bom sentido, ler algumas dessas histórias. Outras ainda levantaram reflexões importantes. Gostei bastante de como trouxeram à tona questões muito reais relacionadas a política e problemas que vemos em nossa sociedade.

Vou falar um pouquinho sobre algumas histórias:

Fig. 2 Interior de "Delirium Tremens de Edgar Allan Poe", vários autores, organizado por Raphael Fernandes. Sobrecapa à esquerda.

Minha favorita foi “Murder” (roteiro Alexey Dodsworth, arte Flávio L. Maravilha). Simplesmente genial! Inspirada em “O Corvo”, é uma história investigativa instigante demais e com narrativa mega surpreendente. Conta com uma arte linda que transparece muito bem a dualidade entre loucura e sensatez. Tudo muito perfeito! Fala sobre pedofilia sob uma perspectiva que mostra o quão perverso e traumático esse crime é. É uma história que enaltece o poder feminino e a sororidade (de certa forma), então é lógico que me conquistou!

Também gostei muito de “Santo sepulcro” (roteiro Airton Marinho, arte LuCas Chewie). Em uma narrativa policial que se passa num convento, algumas mortes ocorrem e existe toda uma trama controversa para a investigação. O desfecho é incrível e revela verdades cruéis sobre como funciona a nossa sociedade. Amei muito! 

Em “In articulo mortis” (roteiro Larissa Palmieri, arte Má Matiazi) a gente vê as consequências mais bizarras de um relacionamento abusivo, envolvendo hipnose. Acho muito legal que a gente possa ler histórias assim escritas por autoras mulheres, como é o caso aqui. A Larissa, junto com a Má, conseguiu transmitir um medo que é muito real para nós.

Dá vontade de comentar todos, mas acho melhor parar por aqui e deixar os outros como completa surpresa para vocês. Saibam que vão encontrar muitas histórias aterrorizantes e agoniantes em vários níveis por aqui, todas valem muito a pena. Mas se você tiver fobia com baratas, como eu, tome cuidado com o antepenúltimo (precisava deixar esse alerta).

Leitura altamente recomendada, principalmente para esse mês do terror. Halloween tá chegando! Bora entrar no clima?

E aí, gostaram de conhecer essa obra? Vocês são fãs do Edgar Allan Poe ou estão querendo conhecer mais? Gostam de histórias de terror? Venham conversar nos comentários!