Oi, gente. Tudo bem com vocês?
Hoje eu não estou tão bem assim, mas resolvi vir compartilhar minha história triste com vocês para ver se eu melhoro um pouquinho.
Fig. 1 Meus livros molhados. Canto superior esquerdo: A sacerdotisa de Avalon edição que molhou e edição que não molhou; à direita: Flores para Algernon, livro que molhou recentemente. |
RELATÓRIO DE PROGRESSO
11 de julho — O livro que eu estava lendo, uma edição linda, novíssimo e que eu estava super empolgada com a leitura, como não acontecia há meses, molhou. Me desesperei, pedi ajuda, tentei conversar com diferentes grupos de pessoas e amigos mais próximos, mas nada tira o peso que ficou no meu coração. Nesse momento eu to aqui desolada pensando se dá para medir o nosso amor pelos livros de acordo com o tanto que a gente sofre quando um livro nosso molha.
Fig. 2 Meu primeiro livro molhado pelo mar, com as areias originais do acidente. |
A primeira vez que isso me aconteceu foi há muitos anos na praia, quando o mar jogou uma onda gigante do nada em cima de tudo à minha volta. Na ocasião eu só fiquei parada chorando de soluçar sem parar e sem me importar com quem estivesse me vendo. Acabei ganhando um livro novo da minha mãe, mas até hoje mantenho os dois, pela história que esse livro viveu comigo (e porque ele tinha uma dedicatória, que na época era importante para mim, e livro novo nenhum teria igual).
Dessa vez eu tô me sentindo muito estúpida por ter molhado o livro na bolsa por conta de uma maldita garrafa d'água mal fechada. Não sei se tô mais triste pelo livro ou pela minha estupidez, mas tô desolada igual.
Agora não tem ninguém para comprar um livro novo pra mim, já foi um sacrifício ter comprado essa edição. Por mais que eu queira muito um livro novo, lindo e seco, ninguém próximo tem dinheiro para bancar isso no momento. Então sigo apenas velando o meu livro, que se encontra numa prensa, esperando para ver se ele se recupera do baque.
Eu sei que pode parecer estúpido, é muito estranho como a gente pode colocar uma carga emocional tão grande em cima de um objeto, mas acontece. Quem molhou foi o livro, mas parece que quem se danificou fui eu. E eu fico me sentindo assim, desolada e sozinha porque eu queria muito que as pessoas reagissem com o mesmo nível de emoção que eu, para que talvez eu me sinta um pouco mais acolhida e menos louca.
12 de julho — Com muito custo consegui dormir, um sono embalado pela leitura em formato digital, e acordar para um novo dia. Um dia um pouco menos úmido, mas cheio de cicatrizes. Leves rasgos, alguns puídos, mas novos ares e uma esperança: que permaneça o menor estrago possível.
Fig. 3 Livros molhados ressignificados. |
Os tais novos ares estão carregados de novas ideias. A mente está um pouco mais centrada, junto com um coração que leva uma aceitação com pesar. É a vida. Apesar de tudo, não vejo a hora de poder voltar para a leitura nas páginas que podem, sim, acabar um pouco distorcidas. Mas encontrei um novo significado nisso tudo. Resolvi encarar essa experiência como se dá o relato do próprio livro: Flores para Algernon (que é a leitura do mês do @clubedolivro_campos).
O livro traz a história de um homem adulto que sofre de retardo mental. Ele passa por uma cirurgia para aumentar o seu QI e acompanhamos no livro seus diários (super emocionantes) em forma de relatórios de progresso, que é uma forma que os cientistas têm de acompanhar os resultados de seu experimento. Resolvi então fazer o meu próprio relatório, o relatório da evolução das minhas emoções diante do acidente ocorrido com o meu livro físico, meu amor por essas e tantas outras páginas. E se eu sentir a necessidade de editar aqui nos dias posteriores, editarei. Mas pode ser que eu queira fazer um post novo no futuro também, quem sabe? Ou até não escrever mais nada sobre o assunto, rsr.
O importante é seguir em frente de alguma forma, e encarar a realidade. O que ontem me parecia impossível, hoje já não parece mais. É interessante ver o que uma noite de sono, muitas reflexões e alguns ressignificados podem fazer com a gente.
P.S.: Se alguém chegou aqui procurando uma solução para minimizar os danos de um livro molhado, não sei dizer qual a melhor forma, mas segui algumas das dicas que encontrei nesse site aqui. E outras que recebi de amigos. O que escolhi fazer foi: colocar papel toalha entre algumas páginas do livro, incluindo capa e miolo, e pressionar com outros livros em cima. Deixei algumas horas com a lombada apoiada para que ela não se deformasse e agora voltei para a posição horizontal na mesinha. Sigo torcendo pelo melhor. Se você está passando por isso no momento, fica firme! Dá cá um abraço e vamos chorar juntos pelos nossos bbs. Você não tá sozinhe!
Me contem se vocês já passaram por isso e como lidaram! Vocês também são apegados assim aos seus livros físicos? Ou será que têm outros objetos de valor sentimental que são mais apegados? Conhecem o maravilhoso "Flores para Algernon"?
Nunca aconteceu de molhar, mas já tive livros ou quadrinhos lindos danificados de alguma forma, rasgados ou amassados fortemente e isso faz com que você simplesmente não os queira mais ler. Daí tem que rolar todo um período de luto mesmo. Achei legal a forma com que você relatou o progresso e entendo finalmente esse sentimento de solidão por estar muito triste com algo que só afeta a você, e que por mais empatia que vc sinta dos que estão a seu redor, a solidão e a tristeza do acontecido só você sabe. É foda rsrsrsrs
ResponderExcluirOi Isa.
ResponderExcluirComo eu sempre levo para rua os ebooks ao invés de físicos isso nunca me aconteceu. Entretanto fiquei preocupada com a maneira com o qual você reagiu. Espero que você esteja realmente bem depois de tudo.
Com carinho,
Jessica.
Fantástica Ficção
Oie!!
ResponderExcluirQue triste isso com o livro. Já aconteceu comigo uma vez e não consegui recuperar. Fiquei bem chateada na hora, mas depois acabou passando.
Achei legal essa dica do papel toalha e é bom a gente saber dessas coisas.
Fique bem.
bjs
Fê
Ei Isa,
ResponderExcluirNão acho que seja estúpido o que está sentindo. Até porque batalhamos muito para conquistar o que nós temos (sejam essas conquistas físicas ou não). Eu também ficaria muito chateada caso um livro que gostasse muito e que não fosse barato estragasse. Nunca aconteceu isso comigo, inclusive carrego sempre essas garrafinhas de água na mão justamente porque tenho receio de isso acontecer, mas tem horas que não tem jeito tá no ônibus em pé e precisa guardar o objeto na bolsa. Concordo com você, independente da tristeza e da situação tiramos lições e reflexões. E achei bacana a forma que você está lidando com isso. Espero que seu livro fique bem, e que essa leitura lhe proporcione muitos momentos bons.Torcendo por ti!
Bjokas da Elo!
http://cronicasdeeloise.blogspot.com/
QUERO muito ler Flores para Algernon, pretendo fazer isso em breve. Já me aconteceu isso com um livro da Agatha, no caso foi chuva, deixei secar, ficou com as folhas enrugadas, mas fazer o que? Não sabia essa do papel toalha. Torcendo para que dê tudo certo. beijos.
ResponderExcluirNossa Isa, fiquei chateada com a situação que você passou!
ResponderExcluirEu tive a sorte de ainda não acontecer comigo, mas tenho certeza que ficaria tão chateada como você.. o bom é que tudo tem um jeito né e querendo ou não da para recuperar o livro ou comprar um novo mais pra frente e manter os dois como você fez!
Nunca tive algum livro meu molhado, mas acho que deve ser horrível ter algo que você preza tanto danificado. Principalmente se for um livro que você gosta muito, ou quando seus livros parecem seus filhos (sou assim kkkk). E gostei da ideia do relatório.
ResponderExcluirEspero que o papel toalha ajude e que você fique bem.
Bjo
~ Danii
É um livro com uma grande carga ne...
ResponderExcluirE vc se sobrecarregando mais, deixa disso. Esse é um exemplar, daqui algum tempo, em outra fase da vida, vc pode adquirir outro. Tudo que é material tem solução amiga :D
Vc tem uma vida todinha de coisas eternas, como seu espírito, sua alma, eles sim não podem danificar!!
Fica tranquila, não se culpe, acidentes acontecem com qualquer um :D pensa, podia ter sido café, ou coca hehehe, ta td bem em errar as vezes.
Talvez vc nem queira outro depois, pq esse agora, tem uma história!
Ah! E durma bem, o sono dá vida nova mesmo!
osenhordoslivrosblog.wordpress.com