quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Resenha "E não sobrou nenhum" da Agatha Christie, curiosidades sobre o livro e bate papo: uma boa tortura literária

Oi, gente! Tudo bem?

Hoje eu vim falar de um livro que me conquistou de uma forma... surreal! Eu lia e não conseguia parar. Isso tem sido tão raro de acontecer comigo que realmente me surpreende quando acontece. Eis a minha resenha de "E não sobrou nenhum" da Agatha Christie.

Fig. 1 E não sobrou nenhum - Agatha Christie. Lido em 02-08-2019.

Quando eu falo da Agatha gosto de lembrar que não sou nenhuma expert nos livros dela. Li pouquíssimos (tem resenha de "O natal de Poirot" aqui), mas estou tentando corrigir isso (com muita influência da @tinyowl.reads). Dessa vez, entretanto, a leitura foi realizada por incentivo do @leiamulherescampos. Se você também é de Campos dos Goytacazes - RJ e quiser participar do encontro para discussão desse livro, ele ocorrerá no dia 15/08. Mais informações no perfil do clube.

Mas chega de enrolar, vamos falar um pouquinho desse livro. Sem spoilers por aqui, ok? Ainda mais por se tratar de um romance policial, serei bem mais cuidadosa, podem ficar tranquilos!

EM POUCAS PALAVRAS

Um romance policial com uma bem tecida rede de mistérios, entrelaçada com intrigas, reflexões acerca de responsabilidades sociais em um cenário claustrofóbico e inquietante.

SOBRE O LIVRO

"A melhor coisa de uma ilha é que, uma vez nela, não se pode ir mais longe... é o fim das coisas." p. 124

Dez pessoas são contactadas, a passeio ou a trabalho, para irem à ilha do Soldado. Há um certo rumor sobre o verdadeiro dono dessa ilha, um milionário a vendeu e havia muitos boatos sobre quem seria o novo dono. Ninguém conhecia exatamente o patrão/anfitrião, apenas uma assinatura abreviada em cartas datilografadas que receberam. U. N. Owen.

Essas pessoas chegam na ilha por partes, mas os anfitriões não se encontram, apenas dois empregados que cuidam da casa. E assim começam os primeiros mistérios, quem é a pessoa que os contactou? Onde ela está? Por que exatamente todos eles estão ali? O que está para acontecer?

"A gente se acostuma demais a aceitar as coisas sem discutir nem pensar, acha tudo normal." p. 150

Aos poucos eles vão se conhecendo, porém uma gravação com um pronunciamento faz acusações a cada um deles e mortes misteriosas começam a ocorrer. O medo se espalha e desconfianças surgem. Para completar, em cada quarto havia um poema muito peculiar. Qual será a relação de tudo isso?

OPINIÃO

Achei o livro de uma genialidade incrível! É uma história que prende completamente o leitor. Uma vez passadas as primeiras descrições que montam o cenário em que eles se encontram, a leitura não dá descanso na ação e nos mistérios.

Foi muito bacana a abordagem da história, que tem uma pegada um tanto quanto "justiceira", seguindo numa vibe meio Jogos Mortais, só que menos sensacionalista. A relação do poema com o todo e o desenrolar da trama foi extremamente criativo. A autora foi magistral no desenvolvimento da narrativa, pois ao mesmo tempo que te dá pistas do que está para acontecer, te dá rasteiras que te deixa desnorteado!

E posso dizer que desconfiei certo, porém de maneira errada. O livro conseguiu mexer bastante com o meu lado racional e me levou à loucura diversas vezes.

Indo além da parte mais "policial", a história também abordou temas sociais muito interessantes, tais como: fanatismo religioso e pensamentos conservadores; a capacidade feminina, não isentando as mulheres de nada, sem coitadismos; senso de certo e errado - e para quem. Tudo isso com muita estratégia e minúcias, o que tornou a história brilhante, a meu ver.

Livro recomendadíssimo!

CURIOSIDADES

Separei aqui algumas curiosidades que envolvem o livro "E não sobrou nenhum" que achei interessantíssimas. Vejam só:

Fig. 2 E não sobrou nenhum - Agatha Christie, box Agatha Christie e jogo de tabuleiro Detetive.

  • Publicado pela primeira vez em 1939, o livro é considerado a obra prima da Agatha Christie (via NerdPride);
  • É o maior best seller de ficção policial e um dos maiores best sellers de todos os tempos (via HuffPost Brasil);
  • Houve alteração do título e de algumas traduções internas por ter sido considerado racista (anteriormente havia sido publicado aqui como "O caso dos 10 negrinhos" e os soldadinhos de hoje antigamente eram "negrinhos"), uma decisão editorial que achei muito acertada;
  • O enredo do livro já foi adaptado diversas vezes, tanto para o cinema quanto para a TV. A adaptação mais recente é a minissérie britânica de três episódios exibida originalmente em 2015 pela BBC One: And Then There Were None. De acordo com o HuffPost Brasil, essa série é considerada a melhor adaptação da obra para a TV;
Não sei vocês, mas eu adorei todas essas curiosidades. Algumas delas são tão grandiosas que me deixam de boca aberta! Soube de algumas quando estava prestes a ler e minhas expectativas só aumentaram, mas eu não me decepcionei nadinha.

BATE PAPO: UMA BOA TORTURA LITERÁRIA

Fig. 3 Reflexões literárias e elementos policiais.
Uma coisa que eu fiquei pensando nos últimos dias e que até cheguei a conversar sobre com algumas pessoas é: por que a gente gosta tanto de se torturar com as narrativas de alguns livros? Mas calma, se torturar num bom sentido! Tem bom sentido?

Eu não estou ficando louca, deixa eu explicar. Sabe quando a gente lê algo que é tão instigante que você fica realmente nervoso para saber como vai ser o desenrolar de tudo? Qual será o desfecho? Como tudo vai se resolver? Porque tem horas que NÃO É POSSÍVEL ver uma saída! Eu fico muito assim com alguns livros de terror, thrillers e policiais.

Às vezes o nervosismo extrapola para a vida real e eu, que tenho ansiedade, sofro um pouco. Mas é  uma sensação tão boa se ver preso dessa forma a uma história que não consigo controlar o meu gosto por esses gêneros! É assim com vocês também? Que gênero te instiga mais?

Andei conversando com algumas pessoas sobre suas experiências de leitura com outros gêneros, em específico o romance de época. Esse não me agrada nada tanto, mas aparentemente muitos que o apreciam também se torturam com alguns acontecimentos corriqueiros (né @contextoliterario, @oceanodepensamentos_ e @nickmafra?). Talvez não seja o mesmo tipo de tortura, mas que a gente gosta, gosta!

Compartilhem comigo suas experiências literárias que são "uma boa tortura literária", rsr.

Me contem também o que acharam da resenha e das curiosidades. É fã da Agatha? Qual é o seu livro favorito dela?

P.S.: Gostaria de deixar aqui um agradecimento especial ao meu amigo Christian, fã da Agatha Christie, que me ajudou muito na construção desse post. Refletiu junto comigo, deu dicas, sugeriu curiosidades etc. Ele também escreve, então deem uma passadinha no Medium dele pra conhecer! ;)

10 comentários:

  1. Assim como os livros protagonizados por Tommy & Tuppence, que são mais puxados pra espionagem, E Não sobrou Nenhum se destaca da obra geral da Agatha por ser quase um slasher movie... Não é como a maioria de seus livros, com um assassinato central, que pode ou não levar a outros secundários, e um detetive que resolve tudo e revela a verdade apontando o culpado numa sala reunindo todos os suspeitos... Essa estrutura "diferenciada" me pegou de surpresa positivamente na época em que eu tava descobrindo o trabalho dela e realmente se tornou um dos meus favoritos ever. A leitura realmente te prende e te deixa aflito, mas é um aflito bom. É mais um daqueles casos em que você quer que acabe logo pra saber o final mas não quer que acabe pq é muito bom. Agatha era da high society e muito boa observadora, então ela desenvolveu uma visão muito perspicaz da natureza humana, oq faz com que seus personagens sejam tão intrigantes e cativantes até mesmo quando são extremamente falhos de caráter. Adorei a resenha e as curiosidades, tô doido pra ver essa série nova da BBC.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É verdade, li pouco da Agatha, mas esse é realmente bem diferente dos outros que eu conhecia. A gente fica esperando por um padrão, mas ele não tá lá. E a sensação da leitura é bem essa mesmo, você sente uma necessidade extrema de saber o final, mas a leitura em si é tão boa que dá realmente muita pena de acabar. Eu fiquei tão desnorteada quando acabei de ler que precisei conversar com detalhes da trama com diversas pessoas pra me acalmar. xD Muito louco! E a série tá ótima, tão bem produzida! Preciso finalizar.

      Excluir
  2. Oi Isa.
    Eu ainda não li nada da Agatha Christie mas tenho vontade porque o suspense está no top dos meus gêneros favoritos.
    Eu gosto quando obras assim são imersivas e nos deixam sem ação de modo que só queremos ler. Acho que iria adorar essa obra
    Beijos.
    Fantástica Ficção

    ResponderExcluir
  3. oh menina, sou suspeita pq sou apaixonada na autora! Já li esse 2x e pasme, eu esqueço quem é o culpado e ela me engana de novo!!! Como pode?! kkkk

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

    ResponderExcluir
  4. Ei! Tudo bem?
    Eu também não sou A especialista na autora e não li tantos livros, mas acho incrível como a Agatha surpreende a cada história. Fico feliz em saber que ela colocou questões sociais e falou sobre a capacidade feminina nessa história.
    Sobre ser o maior bestseller eu não duvido mesmo, ela é sensacional!

    Beijos!

    ResponderExcluir
  5. Eu sou muito fã dos livros da Agatha Christie e esse é o meu favorito dela. Já li mais de uma vez!!!
    Não conhecia algumas das curiosidades e gostei de saber.

    bjs

    ResponderExcluir
  6. Olá!

    Por mais que eu admire muito a Agatha, nunca li nada dela, mas isso está para mudar rs
    Adorei saber sua opinião e seu bate papo com algumas curiosidades!

    Beijos,
    Blog Diversamente

    ResponderExcluir
  7. AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO essa escritora, meu objetivo é ler tudo dela. Já li bem uns 30 livros dela e esse é de longe meu favorito, junto com "Assassinato no Expresso Oriente".
    Quando li eu suspeitei de uma pessoa, devido ao caráter da pessoa, mas acontece algo e eu fiquei perdida, sem saber de quem suspeitar. E não é que eu estava certa? A forma como ela criou essa trama é sensacional.
    Quero muito conferir a minissérie, e sim essa mudança de título foi bem acertada (embora o novo seja um baita spoiler).
    Romance policial (e similares) é uns dos meus gêneros favoritos, junto com fantasia; e tem uns autores que não tem dó nenhuma, nos deixa numa aflição numa agonia, que eu vou te contar.
    Amei o post, parabéns. Beijos.

    ResponderExcluir
  8. Quando comecei a ler a resenha pensei em 'Assassinato no Expresso do Oriente' porém conforme fui lendo suas palavras percebi que a diretriz é extremamente diferente!

    O livro parece ser uma mistura do policial com o terror psicológico que eu gosto bastante! Fora que é uma obra do século então com certeza vale a pena ser lido!

    Gostei das suas considerações sobre como alguns livros nos deixam nervosos hahaha , mas isso faz parte.. amei a resenha e o bate papo!!

    ResponderExcluir
  9. Nunca li nada da autora.
    Mas pelo o que todo mundo fala é uma ótima escritora.
    Que bom que gostou da leitura, quem sabe talvez algum dia leia algo dela. Bjus.

    ResponderExcluir